Varizes são veias que, devido a um funcionamento anormal, mudam suas características e se tornam mais aparentes, dilatadas e tortuosas.
Para compreender melhor como elas se formam, é preciso entender como funciona a nossa circulação.
Quando o coração se contrai, ele bombeia sangue no interior das artérias. Essas, por sua vez, levam o sangue rico em oxigênio e nutrientes para todo o corpo. Depois, esse sangue retorna ao coração através das veias. Dessa forma, a função das veias dos membros inferiores é carregar o sangue do pé de volta ao coração.
Essa tarefa não é fácil porque o sangue precisa vencer a força da gravidade que empurra ele para baixo; o peso de toda a coluna de sangue que está acima dele e a pressão intra-abdominal muitas vezes aumentada devido à obesidade, gravidez, entre outros motivos (lembre que o sangue está a caminho do coração e para isso passa pela barriga).
Para ajudar nessa jornada, as veias possuem válvulas que são como portas internas, as quais se abrem quando o sangue sobe e se fecham para impedir que ele desça. Contudo, quando essas válvulas falham e não se fecham de forma efetiva, o sangue acaba descendo em direção ao pé, causando um aumento de pressão no sistema. Isso é chamado de insuficiência venosa ou refluxo venoso.
Esse sangue que não retorna ao coração se acumula nas veias das pernas, que se dilatam para armazená-lo. E, ao se dilatarem, as suas válvulas funcionam ainda menos, aumentando o refluxo.
As veias dilatadas e insuficientes são então chamadas de varizes.
Varizes são uma doença genética. No DNA (material genético) da pessoa com varizes, existem genes que determinam veias mais frágeis e propensas ao mau funcionamento de suas válvulas. Isso é herdado dos pais e avós, significando que o maior fator de risco para ter varizes é o histórico familiar.
Modernamente, tem se falado muito em Epigenética, que é a influência dos comportamentos pessoais e estilo de vida na manifestação do que há no material genético.
É como se no seu DNA existissem vários gatilhos, mas quem ativa eles é você mesmo. Em outras palavras: são as atitudes diárias que desencadeiam o que está armazenado no material genético.
Os principais gatilhos que ativam essa doença são: número de gestações, obesidade e sedentarismo. Há ainda outros fatores que não estão bem definidos, como o tabagismo, o uso de anticoncepcionais e a reposição hormonal.
Assim como a sua forma de apresentação, o tratamento das varizes também varia bastante. É importante um diagnóstico completo através de uma consulta detalhada, exame físico minucioso e exames de imagem, como o Ecodoppler e a realidade aumentada, para sabermos a real dimensão do problema e onde ele começa.
Fazendo uma analogia simples, a rede venosa superficial (onde se formam as varizes) é como uma árvore: existe um tronco principal que representa a veia safena; os galhos mais grossos seriam as varizes, os mais finos simbolizam as microvarizes e as folhas significariam os vasinhos.
Então, se o tronco está doente, não podemos começar o tratamento pelos galhos. Assim como, se cortarmos apenas as folhas de uma árvore, logo elas brotarão novamente.
Feito o diagnóstico, é traçado um plano de tratamento personalizado e focado nos objetivos do paciente, sempre visando a melhora dos sintomas, o embelezamento da perna e o seu bem-estar geral.
O tratamento das varizes mudou muito nos últimos anos com o surgimento de técnicas menos invasivas e mais resolutivas. Grande parte dos pacientes pode ser tratada no consultório de forma confortável, sem a necessidade de anestesia ou repouso, voltando as suas atividades logo que saem da clínica.
Muitos pacientes que não tiveram suas varizes tratadas no passado, quando a única técnica disponível era a cirurgia convencional, hoje também podem ter o problema tratado de forma satisfatória.
Abaixo estão listados os principais tratamentos para varizes que temos a sua disposição. Vale lembrar que, na maioria das vezes, precisamos usar mais de uma técnica para chegar ao resultado esperado. Voltando a nossa analogia da árvore: não podemos cortar um tronco robusto e uma folha com o mesmo instrumento.
Segue uma breve explicação sobre formas de tratamento das varizes e vasinhos:
Essa técnica consagrada é popularmente conhecida como secagem de vasinhos. Funciona através da aplicação de um agente esclerosante nos vasinhos, que causa a destruição da camada interna do vaso com seu posterior desaparecimento. Tem bom resultado quando os vasinhos não são alimentados por veias maiores.
Essa técnica é interessante para ser usada em vasinhos muito finos, até mais finos que a agulha de escleroterapia ou para pacientes com fobia de agulha. Trata-se de uma forma de energia que, ao entrar em contato com um cromóforo alvo, é transformada em calor. O Laser é aplicado sobre a pele e, ao encontrar o sangue (cujo cromóforo e o pigmento vermelho – hemoglobina) no interior do vaso, vai aquecê-lo a altas temperaturas, causando uma queimadura na parede interna da veia (dano térmico irreversível). Esse equipamento tem baixa afinidade pela pele (cujo cromóforo é o pigmento marrom – melanina), por isso, o risco de queimadura na mesma é muito baixo. Mas, por segurança, usamos um dispositivo resfriador de pele, que sopra um ar gelado (-30 graus C).
Nesta técnica, transformamos um medicamento líquido (Polidocanol) em uma espuma densa através da agitação sob pressão entre duas seringas e uma torneira 3 vias. Ao ser injetada, a espuma expulsa o sangue e fica mais tempo que a forma líquida em contato com a camada interna do vaso, causando uma agressão mais intensa e duradoura. Ela pode ser usada em vasos de qualquer calibre, desde vasinhos até a veia safena, nessa última ela deve ser guiada por ultrassom. É uma técnica muito versátil que traz resultados excelentes quando bem indicada. Também é muito utilizada em pacientes com quadros mais avançados, já com comprometimento da pele e úlceras venosas.
Essa técnica associa o Laser transdérmico, a escleroterapia líquida e o resfriamento de pele. A junção do Laser com a escleroterapia provoca uma sinergia que aumenta muito a potência do método. É uma técnica muito utilizada para tratamento de microvarizes e veias nutridoras – aquelas que causam e alimentam os vasinhos.
Técnica considerada padrão-ouro para tratamento de veia safena insuficiente em que uma fibra óptica é introduzida no interior da veia, posicionada em sua porção inicial e guiada por ultrassom. Já na localização ideal, o Laser 1470nm é acionado, cauterizando a veia que se torna uma cicatriz fibrótica e posteriormente é absorvida pelo organismo. Essa técnica veio para substituir a cirurgia convencional de veia safena, na qual ela era retirada através de cortes na pele. As vantagens são menos hematomas, tempo de repouso e riscos de complicações.
É a cirurgia convencional para varizes em que os trajetos varicosos são retirados através de pequenas incisões na pele. O tamanho da incisão vai depender do tamanho das varizes a serem retiradas. Se muito fina ou microvarizes, podem ser retiradas através de um mínimo orifício de agulha. Já as mais calibrosas, necessitarão de incisões que variam de 1 a 5 mm. A escleroterapia trans-operatória é quando realizamos a escleroterapia líquida no momento da cirurgia, aproveitando a anestesia e evitando o possível desconforto desse procedimento.
Essa é uma técnica muito recente que, graças ao surgimento de fibras ópticas ultra-finas, permite não só o tratamento da veia safena com Endolaser, mas também o tratamento das varizes. Ou seja, sem a necessidade de flebectomias. Dessa forma, o tratamento passa a ser ainda menos invasivo e sem nenhum corte na pele.
As técnicas diagnósticas melhoraram muito nas últimas décadas. Um exemplo disso é o Veinviewer ou realidade aumentada. Esse equipamento é uma câmera de filmagem infra-vermelho que consegue captar a imagem do sangue em veias finas até 1 cm de profundidade e projetar na pele em tempo real. Isso permite uma perfeita visualização de microvarizes e veias nutridoras, facilitando o tratamento.
As opções de tratamento também melhoraram muito, principalmente, com a aplicação do Laser transdérmico e Endolaser para tratamento de veias safenas. As escleroterapias com espuma também enriqueceram muito o arsenal terapêutico.
Esse conjunto de novas tecnologias que proporcionam tratamentos mais resolutivos e menos invasivos é chamado de Flebologia Moderna.
Bem-vindo à modernidade no tratamento das varizes!
Cirurgião vascular reconhecido por sua vasta experiência no tratamento de varizes.